PRP, PRF e Advanced-PRF: Qual Técnica Libera Mais Fatores de Crescimento para a Regeneração Bucal?...
O caso que me ensinou mais que qualquer congresso
🦷 O Segredo dos Tecidos Moles: Como a Nova Filosofia “Tissue Care” Está Mudando a Implantodontia
Por que dominar o manejo de tecidos moles é o novo divisor de águas na implantodontia moderna
Durante décadas, o foco da implantodontia esteve nos ossos. Mas, como mostra o professor Luís Fernando Nunes em sua aula na Trilha do Conhecimento Purgo, o verdadeiro sucesso dos implantes está, hoje, no que envolve os tecidos moles periimplantares. Essa aula magistral traduz em ciência e prática a importância da biologia tecidual, da queratinização gengival e das técnicas regenerativas para garantir estética, função e longevidade.
🧩 O Problema: A Odontologia Que Parava no Osso
Durante muito tempo, a regra era “deixar cicatrizar espontaneamente”. O implante era visto apenas como uma vedação do alvéolo.
Mas o professor Nunes lembra: “A era da cicatrização passiva acabou.”
Hoje, a implantodontia busca preservar ativamente o reborde alveolar, manipulando tecidos e usando biomateriais que respeitam a fisiologia. A meta não é apenas função, mas também harmonia gengival e estética natural.
🧠 O Estudo Científico que Mudou Tudo: Löe, 1965
O ponto de virada vem do clássico estudo de Löe (1965), o primeiro a demonstrar cientificamente a relação causal entre placa bacteriana e gengivite.
Metodologia:
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12 estudantes de odontologia
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21 dias sem escovação, seguidos de 7 dias de retomada da higiene
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Avaliação diária de índices de placa e inflamação
Conclusão:
A inflamação não é inevitável, é controlável. O acúmulo de placa causa gengivite, mas sua remoção a reverte completamente.
Esse princípio ainda fundamenta toda a odontologia preventiva moderna e, no contexto dos implantes, reforça o papel essencial do tecido queratinizado como barreira biológica ativa.
🧬 Da História aos Biotipos: Tecidos que Contam o Tempo
Desde 1963, os enxertos gengivais vêm sendo aprimorados. Um caso relatado por Nunes, com 20 anos de acompanhamento, mostra um enxerto gengival livre (EGL) que manteve a margem estável por duas décadas, a prova viva da integração entre biologia e técnica.
Os biotipos periodontais influenciam fortemente o resultado:
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Espesso → inflama lentamente, cicatriza com previsibilidade e é mais estável.
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Fino → reage rapidamente e exige intervenção mais cuidadosa.
Um biótipo adequado é, portanto, parte do planejamento, não apenas uma consequência.
🧱 Tissue Care: A Revolução Biológica
A filosofia Tissue Care, nascida nos anos 2000 com os implantes Straumann, trouxe o conceito de mínima perturbação biológica.
Quanto menos o tecido for agredido, melhor ele responderá.
Componentes-chave dessa filosofia:
| Elemento | Conceito | Benefício Biológico |
|---|---|---|
| Conexão cônica | Menor gap entre implante e pilar | Estabilidade e selamento superior |
| Implante infraósseo (plataforma switching) | Pilar menor que o diâmetro do implante | Espaço para regeneração tecidual |
| Ambiente protegido | Homeostasia entre os tecidos | Maior longevidade e estética previsível |
🔍 Diagnóstico e Prevenção: Medindo o Invisível
O eBook enfatiza a importância de medir o que não se vê: a faixa de gengiva queratinizada.
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Ideal: >2 mm para implantes
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Cálculo: Gengiva inserida = Faixa total queratinizada – profundidade de sondagem
Valores abaixo de 1 mm indicam risco funcional e estético, exigindo intervenção cirúrgica ou regenerativa.
“Para cada dólar em prevenção, você economiza cem dólares de tratamento.” — Luís Fernando Nunes
⚙️ As Técnicas Cirúrgicas que Redefiniram os Resultados
🔸 Enxerto Gengival Livre (EGL)
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Aumenta a faixa de tecido queratinizado
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Protege implantes em risco
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Corrige deficiências teciduais
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Mantém estabilidade em longo prazo
🔸 Enxerto Conjuntivo Subepitelial
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Resultados estéticos superiores
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Integração vascular aprimorada
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Ideal para regiões anteriores
Essas técnicas, quando aplicadas com princípios biológicos claros, produzem resultados que resistem ao tempo.
💎 Biomateriais e Biotecnologia: A Nova Geração da Regeneração
O padrão-ouro continua sendo o enxerto autógeno, mas os novos substitutos, como o The Graft Collagen, combinam hidroxiapatita e colágeno com 90% de compatibilidade genética.
O diferencial? Remodelação verdadeira, e não permanência como corpo estranho.
Além disso, o uso de hemoderivados como o L-PRF (Choukroun, 2012) impulsiona a regeneração óssea e tecidual, promovendo osteocondução e aceleração da cicatrização com excelente custo-benefício.
💡 Bioestimulação com Laser: Ciência de Luz
A fotobiomodulação (660 nm) mostrou-se eficaz para:
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Reduzir inflamação e edema
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Acelerar a cicatrização
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Melhorar a qualidade dos tecidos moles
Aplicada em protocolos de pós-cirurgia, enxertos e manutenção periodontal, a técnica é hoje um dos recursos mais seguros e eficazes para otimizar o reparo biológico.
🧭 A Filosofia do Ensino: O Sutra do Conhecimento
O professor Nunes encerra com uma metáfora poderosa: o “fio invisível do saber”, que conecta todas as disciplinas odontológicas, sendo elas: biologia, técnica, biomateriais e ética.
“O mais importante é carregar dentro de si o fio que une as pérolas do conhecimento.”
A lição final é clara: o verdadeiro elo fraco da odontologia moderna não está nos materiais, mas na falta de atualização. Estudar, refletir e integrar ciência à prática é o caminho da excelência clínica e humana.
📘 Conclusão: Cuidar do Tecido é Cuidar do Tempo
Dominar o manejo dos tecidos moles periimplantares é mais do que uma habilidade técnica, é uma filosofia biológica.
Quando o profissional compreende o papel da queratinização, respeita o espaço biológico e aplica os princípios do Tissue Care, o resultado é previsível, duradouro e, acima de tudo, vivo.
A longevidade dos implantes não está no titânio, mas no tecido que o acolhe.
Referências
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Nunes, L. F. Trilha do Conhecimento Purgo – Manejo de Tecidos Moles Periimplantares. Masterclass, Julho 2025.