Estudo científico revela efeitos citotóxicos das micropartículas de sílica presentes em tubos...
O método que entrega membranas mais potentes
Do sangue ao resultado clínico: como a biologia celular, a engenharia de tecidos e os protocolos padronizados estão transformando a cicatrização e elevando o padrão da odontologia regenerativa.
PROBLEMA: O DESAFIO DA CICATRIZAÇÃO MODERNA
Mesmo com os avanços cirúrgicos, a cicatrização ainda representa um dos maiores gargalos clínicos.
Pacientes podem apresentar:
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Perda de volume tecidual
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Exposição óssea
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Disconforto pós-operatório acentuado
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Cicatrização lenta ou imprevisível
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Complicações inflamatórias
A pergunta que desafia clínicos e pesquisadores é: Como acelerar a cicatrização sem recorrer a biomateriais artificiais ou soluções invasivas?
A resposta surgiu quando a medicina regenerativa voltou seu olhar para o recurso biológico mais poderoso que já existe: o sangue do próprio paciente.
O SANGUE COMO ORQUESTRAÇÃO BIOLÓGICA
A cicatrização depende diretamente da qualidade dos componentes sanguíneos.
Composição sanguínea:
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50% Plasma – transporte e suporte
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45% Hemácias – oxigenação
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<1% Plaquetas & Leucócitos – células-chaves da regeneração
Essas células carregam fatores bioativos como PDGF, TGF-β, VEGF, IL-1, IL-6, são moléculas decisivas na angiogênese, imunomodulação e formação de tecido.
O NASCIMENTO DOS CONCENTRADOS PLAQUETÁRIOS
Na década de 90, inicia-se o uso clínico dos derivados autógenos de sangue.
Características essenciais:
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Produção chairside
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100% autógeno
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Aceleração da cicatrização
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Aplicação em tecidos moles e duros
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Modulação inflamatória
A partir daí, inicia-se a evolução das gerações:
A EVOLUÇÃO EM TRÊS GERAÇÕES
1ª Geração – PRP
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Dupla centrifugação
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Anticoagulantes obrigatórios
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Necessidade de ativadores externos
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Produto líquido, sem scaffold
Limitações:
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risco imunológico;
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interferência na angiogênese;
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pouca aplicabilidade tridimensional.
2ª Geração – L-PRF (2001)
Criado pelo Dr. Choukroun.
Inovações:
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Eliminou anticoagulantes
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Criou rede tridimensional de fibrina
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Concentrou leucócitos, plaquetas e linfócitos
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Melhor angiogênese
Caso histórico: paciente com síndrome de Lyle apresentou epitelização avançada em 10 e 30 dias.
3ª Geração – A-PRF e A-PRF Plus (2014+)
Ao reduzir a força G, houve um aumento expressivo na quantidade de células migradas para a membrana.
Comparação entre gerações:
| Geração | Velocidade | Distribuição celular | Benefícios |
|---|---|---|---|
| PRP | Alta + anticoagulante | Baixa | Sem scaffold |
| L-PRF | Alta | Concentração no buffy coat | Rede de fibrina consistente |
| A-PRF | Baixa | Distribuição homogênea | Mais angiogênese |
| A-PRF Plus | Baixa + maior tempo | Maior liberação celular | Máximo potencial regenerativo |
PROTOCOLO CLÁSSICO DO L-PRF
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2.700 rpm
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12 minutos
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Centrífuga específica
Estrutura final:
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Plasma
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Coágulo de fibrina
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Buffy coat
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Hemácias
MECANISMO DE AÇÃO DO PRF - A BIOLOGIA EM QUATRO FASES
1. Hemostasia
Plaquetas liberam fatores como PDGF, VEGF e TGF-β.
2. Inflamação
Macrófagos, neutrófilos e linfócitos direcionam a regeneração.
3. Proliferação
Formação de tecido de granulação e angiogênese acelerada.
4. Remodelação
Maturação das fibras e estabilização dos tecidos.
Ação direta do PRF:
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liberação prolongada de fatores
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arcabouço tridimensional estável
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redução do processo inflamatório
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potencial de bioestimulação tecidual
I-PRF – A TERCEIRA GERAÇÃO INJETÁVEL
O i-PRF é coletado antes da polimerização, permitindo aplicações dinâmicas.
Aplicações clínicas:
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preenchimento de gaps
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otimização de enxertos
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bioestimulação
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uso em estética facial e regeneração periodontal
Sticky Bone
Combinação de i-PRF + partículas ósseas.
Vantagens:
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material moldável
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maior estabilidade do enxerto
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melhora na angiogênese local
CASOS CLÍNICOS APRESENTADOS
1. Preservação de Rebordo Alveolar
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Extração atraumática
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Plugs de PRF
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Selamento com enxerto conjuntivo
120 dias: excelente preservação do tecido mole.
2. Proteção do Palato em Enxerto Gengival Livre
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A-PRF + cola de cianoacrilato
14 dias: epitelização quase total.
Comparação científica:
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A-PRF supera membranas de colágeno em epitelização nas semanas 1, 2 e 3.
3. Implante Imediato com Sticky Bone
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Irrigação de enxerto com i-PRF
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Membrana A-PRF
15 dias: cicatrização acelerada.
4 meses: coroa definitiva com arquitetura preservada.
BIOFUNCIONALIZAÇÃO DE MATRIZES – A NOVA FRONTEIRA
Linha de pesquisa da Dra. Amanda Rossato em parceria com University of Kentucky.
Processo:
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Matriz colágena
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Irrigação com i-PRF por 15 minutos
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Transformação da consistência – maior resistência
Resultados clínicos:
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100% recobrimento radicular em 6 meses
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Mais espessura de tecido queratinizado
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Menos desconforto pós-operatório
FATORES CRÍTICOS PARA O SUCESSO
1. Regra dos 3 minutos
Coletar → iniciar centrifugação imediatamente.
2. Seleção correta dos tubos
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Vidro = PRF
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Plástico liso = i-PRF
3. Centrífuga homologada
Evita trepidação → mantém viabilidade celular.
4. Balanceamento rigoroso
Tubos iguais, volumes iguais, posições opostas.
CONCLUSÃO: O QUE MUDA NA PRÁTICA?
O PRF representa o que há de mais moderno em regeneração biológica. Seu uso proporciona:
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cicatrizações mais rápidas;
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menor dor e inflamação;
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melhor qualidade tecidual;
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mais previsibilidade cirúrgica;
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maior satisfação do paciente.
A mensagem da Dra. Amanda sintetiza essa transformação:
“Não é mágica, é biologia bem aplicada.”
REFERÊNCIAS
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Masterclass Trilha do Conhecimento – Purgo, Dra. Amanda Rossato, agosto/2025.