Posição, tecidos e reconstruções ósseas — os três pilares da previsibilidade estética em implantodontia moderna.
Por muito tempo, a implantodontia se concentrou em osseointegração e estabilidade mecânica. No entanto, a nova fronteira da odontologia estética vai além: busca integração biológica e harmonia tecidual.
Hoje, o sucesso não se mede apenas por um implante bem integrado, mas por um sorriso natural, previsível e sustentável ao longo dos anos.
Foi com essa visão construída em 27 anos de experiência clínica e acadêmica que guiou o Professor José Alfredo Mendonça a falar sobre “Estética em Implantodontia: Posicionamento, Tecidos e Reconstruções”.
Segundo o professor Mendonça, a estabilidade estética não é um acaso clínico, mas o resultado direto do respeito a quatro fundamentos biológicos e protéticos:
Posição 3D do implante
Design da coroa protética
Qualidade tecidual
Anatomia óssea
Cada um desses fatores é uma peça essencial de um mesmo quebra-cabeça: o sorriso previsível e natural.
“Sem posição correta, nada mais funciona adequadamente.” — José Alfredo Mendonça
O posicionamento 3D é o ponto de partida para toda estética duradoura. Um desvio mínimo — milimétrico — pode comprometer papilas, margens e o contorno gengival.
Posição palatina: o implante deve estar 3 mm para palatino em relação à face vestibular.
Essa distância cria o “gap ideal” para acomodação tecidual e formação óssea vestibular.
Gap vestibular: manter 2 a 3 mm entre o implante e a tábua óssea vestibular permite preenchimento com biomaterial e formação de osso neoformado, garantindo suporte para os tecidos moles.
Profundidade apico-coronal: o ponto de saída do parafuso protético deve coincidir com a região do cíngulo. Assim, é possível confeccionar próteses aparafusadas — estética e funcionalmente superiores.
💡 Filosofia aparafusada:
Nada de cimento. Mendonça é categórico: próteses cimentadas apenas quando o implante está fora de posição.
As aparafusadas garantem reversibilidade, higiene e longevidade tecidual.
A prótese não é apenas um dente — é um instrumento biológico de condicionamento gengival.
Mendonça divide o design protético em três zonas críticas:
Responsável por definir a margem gengival.
Deve ser gradualmente condicionada com resina composta no provisório a cada 15 dias, guiando o fenômeno de creeping attachment — o deslize natural do tecido gengival em direção coronal.
Cria o perfil de emergência.
Serve para estabilizar o volume tecidual e dar “descanso biológico” à gengiva, favorecendo o selamento.
Baseadas em Gargiulo (1961), devem respeitar cerca de 3 mm entre crista óssea e margem gengival, uma distância essencial para manter o espaço biológico e prevenir reabsorção.
📈 Resultado clínico: quando essas proporções são respeitadas, o tecido periimplantar se comporta como o de um dente natural, com margem estável e papilas completas.
Nem todo tecido gengival nasce pronto para o sucesso estético.
A espessura e qualidade tecidual determinam a capacidade de mascarar materiais e manter margens estáveis.
Estudos espectrofotométricos (Ronsharaseng) mostraram que são necessários:
2 mm de gengiva para mascarar zircônia/cerâmica.
3 mm de gengiva para mascarar metais.
Como a maioria dos pacientes apresenta fenótipo fino, o enxerto de tecido conjuntivo subepitelial torna-se fundamental, especialmente em áreas anteriores.
Dermoabrasão palatina: preserva colágeno e reduz trauma.
Remoção de epitélio na mesa: permite controle preciso da espessura (≈1 mm).
A combinação de L-PRF (Leucocyte and Platelet-Rich Fibrin), sutura compressiva e cobertura com resina flow ou placa acrílica reduz dor e acelera a cicatrização, dá conforto para o paciente e previsibilidade para o cirurgião.
Sem osso, não há volume; sem volume, não há estética.
Por isso, o respeito e a reconstrução da anatomia óssea vestibular são inegociáveis.
| Técnica | Indicação | Características Principais |
|---|---|---|
| Regeneração Óssea Guiada (ROG) | Defeitos horizontais moderados | Biomaterial particulado + L-PRF (“Sticky Bone”) + membrana |
| Enxerto Ósseo em Bloco | Grandes perdas de volume | Bloco autógeno fixado com parafusos e coberto com biomaterial heterólogo |
| Tracionamento Ortodôntico Lento | Ganho ósseo e gengival simultâneo | 0,5 mm/mês, promove aposição óssea e aumento da faixa queratinizada |
📊 O segredo do volume estável: cobrir blocos com biomaterial heterólogo conforme Maiorana (2005) reduz reabsorção e mantém arquitetura óssea por mais tempo.
A introdução do protocolo Choukroun de L-PRF mudou o paradigma da regeneração.
Com plaquetas e leucócitos autólogos, o L-PRF estimula angiogênese, osteoindução e cicatrização acelerada.
O Sticky Bone é um biomaterial particulado agregado ao exsudato do L-PRF que cria uma massa coesa e estável, facilitando a manipulação e mantendo o enxerto na posição ideal.
“Com seis membranas, conseguimos uma mega membrana biológica com resultados que parecem naturais.” — José Alfredo Mendonça
A estabilidade estética é alcançada quando posição, design, tecido e osso estão em harmonia.
Um pequeno erro em qualquer pilar compromete o resultado global.
Mas quando o cirurgião domina a tridimensionalidade, respeita o espaço biológico e valoriza o fenótipo, o resultado é estabilidade, previsibilidade e naturalidade.
Nos bastidores dessa revolução estética, tecnologias vêm otimizando o uso do L-PRF, a centrifugação precisa e o preparo do Sticky Bone — com kits projetados para garantir padronização, pureza biológica e praticidade clínica.
Profissionais que adotaram esses sistemas relatam ganhos surpreendentes de tempo cirúrgico, manuseio e resultado final.
Talvez seja a hora de você experimentar essa evolução na sua rotina.
✅ Posicionamento 3D é mandatório — 3 mm palatino, 2–3 mm de gap vestibular.
✅ Design protético condiciona tecidos.
✅ Fenótipo pode ser melhorado — enxerto conjuntivo é previsível.
✅ Osso pode ser reconstruído.
✅ Tissue Care é filosofia.
✅ Ética e gratidão são tão essenciais quanto técnica.
“Papila mesial, arco côncavo vestibular e papila distal: se você tiver esses três pontos biológicos, você tem excelência.” — José Alfredo Mendonça
Mendonça, J. A. Estética em Implantodontia: Posicionamento, Tecidos e Reconstruções. Masterclass, Outubro 2025.