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O método que entrega membranas mais potentes

Escrito por Implantec Brasil | Nov 29, 2025 2:45:00 PM

Do sangue ao resultado clínico: como a biologia celular, a engenharia de tecidos e os protocolos padronizados estão transformando a cicatrização e elevando o padrão da odontologia regenerativa.

PROBLEMA: O DESAFIO DA CICATRIZAÇÃO MODERNA

Mesmo com os avanços cirúrgicos, a cicatrização ainda representa um dos maiores gargalos clínicos.

Pacientes podem apresentar:

  • Perda de volume tecidual

  • Exposição óssea

  • Disconforto pós-operatório acentuado

  • Cicatrização lenta ou imprevisível

  • Complicações inflamatórias

A pergunta que desafia clínicos e pesquisadores é: Como acelerar a cicatrização sem recorrer a biomateriais artificiais ou soluções invasivas?

A resposta surgiu quando a medicina regenerativa voltou seu olhar para o recurso biológico mais poderoso que já existe: o sangue do próprio paciente.

 

O SANGUE COMO ORQUESTRAÇÃO BIOLÓGICA

A cicatrização depende diretamente da qualidade dos componentes sanguíneos.

Composição sanguínea:

  • 50% Plasma – transporte e suporte

  • 45% Hemácias – oxigenação

  • <1% Plaquetas & Leucócitos – células-chaves da regeneração

Essas células carregam fatores bioativos como PDGF, TGF-β, VEGF, IL-1, IL-6, são moléculas decisivas na angiogênese, imunomodulação e formação de tecido.

O NASCIMENTO DOS CONCENTRADOS PLAQUETÁRIOS

Na década de 90, inicia-se o uso clínico dos derivados autógenos de sangue.

Características essenciais:

  • Produção chairside

  • 100% autógeno

  • Aceleração da cicatrização

  • Aplicação em tecidos moles e duros

  • Modulação inflamatória

A partir daí, inicia-se a evolução das gerações:

A EVOLUÇÃO EM TRÊS GERAÇÕES

1ª Geração – PRP

  • Dupla centrifugação

  • Anticoagulantes obrigatórios

  • Necessidade de ativadores externos

  • Produto líquido, sem scaffold

Limitações:

  • risco imunológico;

  • interferência na angiogênese;

  • pouca aplicabilidade tridimensional.

2ª Geração – L-PRF (2001)

Criado pelo Dr. Choukroun.

Inovações:

  • Eliminou anticoagulantes

  • Criou rede tridimensional de fibrina

  • Concentrou leucócitos, plaquetas e linfócitos

  • Melhor angiogênese

Caso histórico: paciente com síndrome de Lyle apresentou epitelização avançada em 10 e 30 dias.

3ª Geração – A-PRF e A-PRF Plus (2014+)

Ao reduzir a força G, houve um aumento expressivo na quantidade de células migradas para a membrana.

Comparação entre gerações:

Geração Velocidade Distribuição celular Benefícios
PRP Alta + anticoagulante Baixa Sem scaffold
L-PRF Alta Concentração no buffy coat Rede de fibrina consistente
A-PRF Baixa Distribuição homogênea Mais angiogênese
A-PRF Plus Baixa + maior tempo Maior liberação celular Máximo potencial regenerativo

PROTOCOLO CLÁSSICO DO L-PRF

  • 2.700 rpm

  • 12 minutos

  • Centrífuga específica

Estrutura final:

  • Plasma

  • Coágulo de fibrina

  • Buffy coat

  • Hemácias

MECANISMO DE AÇÃO DO PRF - A BIOLOGIA EM QUATRO FASES

1. Hemostasia

Plaquetas liberam fatores como PDGF, VEGF e TGF-β.

2. Inflamação

Macrófagos, neutrófilos e linfócitos direcionam a regeneração.

3. Proliferação

Formação de tecido de granulação e angiogênese acelerada.

4. Remodelação

Maturação das fibras e estabilização dos tecidos.

Ação direta do PRF:

  • liberação prolongada de fatores

  • arcabouço tridimensional estável

  • redução do processo inflamatório

  • potencial de bioestimulação tecidual

I-PRF – A TERCEIRA GERAÇÃO INJETÁVEL

O i-PRF é coletado antes da polimerização, permitindo aplicações dinâmicas.

Aplicações clínicas:

  • preenchimento de gaps

  • otimização de enxertos

  • bioestimulação

  • uso em estética facial e regeneração periodontal

Sticky Bone

Combinação de i-PRF + partículas ósseas.

Vantagens:

  • material moldável

  • maior estabilidade do enxerto

  • melhora na angiogênese local

CASOS CLÍNICOS APRESENTADOS

1. Preservação de Rebordo Alveolar

  • Extração atraumática

  • Plugs de PRF

  • Selamento com enxerto conjuntivo

120 dias: excelente preservação do tecido mole.

2. Proteção do Palato em Enxerto Gengival Livre

  • A-PRF + cola de cianoacrilato

14 dias: epitelização quase total.

Comparação científica:

  • A-PRF supera membranas de colágeno em epitelização nas semanas 1, 2 e 3.

3. Implante Imediato com Sticky Bone

  • Irrigação de enxerto com i-PRF

  • Membrana A-PRF

15 dias: cicatrização acelerada.
4 meses: coroa definitiva com arquitetura preservada.

BIOFUNCIONALIZAÇÃO DE MATRIZES – A NOVA FRONTEIRA

Linha de pesquisa da Dra. Amanda Rossato em parceria com University of Kentucky.

Processo:

  • Matriz colágena

  • Irrigação com i-PRF por 15 minutos

  • Transformação da consistência – maior resistência

Resultados clínicos:

  • 100% recobrimento radicular em 6 meses

  • Mais espessura de tecido queratinizado

  • Menos desconforto pós-operatório

FATORES CRÍTICOS PARA O SUCESSO

1. Regra dos 3 minutos

Coletar → iniciar centrifugação imediatamente.

2. Seleção correta dos tubos

  • Vidro = PRF

  • Plástico liso = i-PRF

3. Centrífuga homologada

Evita trepidação → mantém viabilidade celular.

4. Balanceamento rigoroso

Tubos iguais, volumes iguais, posições opostas.

CONCLUSÃO: O QUE MUDA NA PRÁTICA?

O PRF representa o que há de mais moderno em regeneração biológica. Seu uso proporciona:

  • cicatrizações mais rápidas;

  • menor dor e inflamação;

  • melhor qualidade tecidual;

  • mais previsibilidade cirúrgica;

  • maior satisfação do paciente.

A mensagem da Dra. Amanda sintetiza essa transformação:

“Não é mágica, é biologia bem aplicada.”

REFERÊNCIAS

  • Masterclass Trilha do Conhecimento – Purgo, Dra. Amanda Rossato, agosto/2025.