A busca por procedimentos mais rápidos, previsíveis e seguros é constante na odontologia regenerativa. Seja em enxertos ósseos, implantes dentários ou cicatrização de tecidos moles, os fatores de crescimento desempenham papel decisivo na regeneração.
Nas últimas décadas, técnicas autólogas — que utilizam o próprio sangue do paciente — como o Plasma Rico em Plaquetas (PRP), a Fibrina Rica em Plaquetas (PRF) e sua versão otimizada, o Advanced-PRF (A-PRF), ganharam protagonismo. Mas afinal, qual dessas técnicas entrega mais fatores de crescimento e por quanto tempo?
PRP (Platelet-Rich Plasma): primeira geração, obtido a partir do sangue centrifugado com anticoagulantes. Sua principal característica é a liberação rápida e intensa de fatores de crescimento logo após a aplicação.
PRF (Platelet-Rich Fibrin): evolução do PRP, é preparado sem anticoagulantes, formando uma rede de fibrina que libera fatores gradualmente ao longo dos dias, acompanhando o processo natural de cicatrização.
A-PRF (Advanced-PRF): protocolo mais recente, com centrifugação em baixa rotação e maior tempo. Isso preserva mais células (plaquetas, monócitos, macrófagos), resultando em liberação mais abundante e prolongada de biomoléculas regenerativas.
Um estudo conduzido por Kobayashi et al. (2016), publicado na revista Clinical Oral Investigations, comparou diretamente PRP, PRF e A-PRF.
Metodologia:
Amostra: 18 coletas de sangue de 6 doadores (30–60 anos).
Análise: quantificação por ELISA de sete fatores de crescimento (PDGF-AA, PDGF-AB, PDGF-BB, TGF-β1, VEGF, EGF e IGF).
Período de avaliação: de 15 minutos até 10 dias após a preparação.
Principais resultados:
PRP → liberação imediata (15–60 min): apresentou os maiores níveis iniciais de fatores de crescimento, ideal para cicatrização acelerada nas primeiras horas.
PRF → liberação contínua: mostrou uma curva mais estável, sustentando a liberação de fatores até o 10º dia.
A-PRF → superior em longo prazo: após 10 dias, liberou significativamente mais proteínas acumuladas (11.048 ng/mL) quando comparado ao PRF (9.262 ng/mL) e PRP (6.176 ng/mL).
Fator predominante: PDGF-AA foi o mais abundante, em concentrações 6 a 10 vezes maiores que PDGF-AB e PDGF-BB.
EGF e IGF: liberados em menores quantidades em todas as preparações.
PRP: indicado quando a prioridade é resposta imediata, como em enxertos ósseos de emergência ou situações que exigem rápida cicatrização tecidual.
PRF: mais adequado para casos que pedem suporte prolongado, como regenerações periodontais e cicatrização pós-extração.
A-PRF: combina velocidade e constância, sendo potencialmente a opção mais promissora em regenerações complexas, especialmente em implantodontia e cirurgias de grande porte.
👩⚕️ Para profissionais:
A escolha deve considerar o tempo crítico de cicatrização desejado.
O A-PRF pode oferecer vantagens em protocolos que exigem maior estabilidade e estímulo celular ao longo dos dias.
🙂 Para pacientes:
Todos os métodos utilizam seu próprio sangue, eliminando riscos imunológicos.
O PRP age mais rápido, mas o A-PRF garante uma recuperação mais equilibrada e consistente.
Estudo in vitro, não avaliou diretamente os efeitos clínicos.
Amostra pequena (apenas 6 doadores).
Variabilidade individual significativa nos níveis de liberação de fatores.
Esses pontos mostram a necessidade de mais ensaios clínicos e estudos comparativos com diferentes populações e condições sistêmicas.
As próximas pesquisas devem responder:
Como cada técnica influencia diferentes tipos celulares (osteoblastos, fibroblastos, células periodontais)?
Quais combinações com biomateriais (ex.: enxertos ósseos, membranas de colágeno) potencializam os resultados?
Em quais cenários clínicos cada protocolo realmente se destaca?
O A-PRF surge como candidato forte a novo padrão em regeneração tecidual, mas sua eficácia ainda precisa ser confirmada em estudos clínicos robustos.
PRP → rápido, mas de curta duração.
PRF → liberação mais constante, com boa estabilidade.
A-PRF → maior liberação acumulada em 10 dias, com potencial de se tornar a técnica de escolha para regeneração complexa.
👉 Na prática, a decisão deve ser individualizada, considerando o procedimento, o perfil do paciente e o tempo de cicatrização esperado.
📖 Fonte: Kobayashi E, Flückiger L, Fujioka-Kobayashi M, Sawada K, Sculean A, Schaller B, Miron RJ. Comparative release of growth factors from PRP, PRF, and advanced-PRF. Clinical Oral Investigations. 2016;20(9):2353–2360. doi:10.1007/s00784-016-1719-1.