Um sorriso harmonioso é, para muitos, sinônimo de saúde, sucesso e confiança.
Mas quando a gengiva aparece em excesso, o impacto vai além do espelho, ele atinge autoestima, vida social e percepção profissional.
O chamado sorriso gengival ocorre quando há exposição exagerada de gengiva superior durante o sorriso.
Na literatura, o limite varia de 2 a 4 mm, sendo 3 mm o parâmetro mais aceito para diagnóstico clínico.
📊 Dados globais indicam:
10% da população mundial apresenta sorriso gengival;
Até 20% dos brasileiros podem ser afetados;
Mais de 70% relatam insatisfação estética e social.
Essa condição, frequentemente subestimada, é um desafio para o cirurgião-dentista, pois envolve múltiplos fatores, sendo eles: anatômicos, funcionais e emocionais.
“O que é bonito para o dentista pode não ser para o paciente e vice-versa.”
— Dr. Cleverson Oliveira (2025)
Durante a Masterclass Purgo, o Prof. Dr. Cleverson Oliveira destacou o princípio que guia todo seu protocolo:
👉 a beleza é subjetiva, mas o diagnóstico deve ser objetivo.
Percepção do paciente: compreender o que realmente o incomoda.
Avaliação subjetiva: respeitar diferenças culturais e pessoais.
Queixa principal: evitar tratamentos desnecessários.
Parâmetros científicos: manter base técnica sólida.
Essa visão humanizada coloca o paciente como coautor do plano terapêutico, um marco dentro da odontologia estética moderna.
Tratar sem conhecer a causa é um erro comum que leva à frustração.
A chave para o sucesso está em distinguir corretamente a origem anatômica e funcional do problema.
| Origem | Causas Típicas | Estratégia de Tratamento |
|---|---|---|
| Esquelética | Crescimento vertical maxilar, extrusão, discrepância maxilomandibular | Ortodontia ou cirurgia ortognática |
| Labial | Lábio curto, hipermobilidade, hiperatividade muscular | Reposicionamento labial ou toxina botulínica |
| Dentária | Coroas curtas, intrusão dos incisivos | Aumento de coroa clínica |
| Periodontal | Erupção passiva alterada, hiperplasia, exostoses | Cirurgia periodontal corretiva |
O erro diagnóstico pode gerar resultados insatisfatórios e recidivas. Por isso, a análise etiológica é o verdadeiro “segredo do sucesso clínico”.
Em estudos conduzidos em Indianápolis (2019) e replicados no Brasil, verificou-se que:
80% dos pacientes com sorriso gengival apresentam hipermobilidade do lábio superior;
Nos casos severos (>4 mm), a prevalência chega a 95%.
Medir a altura do lábio em repouso;
Medir a altura durante o sorriso máximo;
Calcular a diferença:
6–8 mm → normal
>8 mm → hipermobilidade labial
Esse método simples, que utiliza apenas uma régua comum, é extremamente eficaz e reprodutível, permite diferenciar hipermobilidade verdadeira de simples hiperatividade muscular.
Uma descoberta publicada em 2024 pelo grupo do Dr. Cleverson revelou que exostoses maxilares (proeminências ósseas vestibulares >2 mm) podem intensificar artificialmente a elevação do lábio.
📍 Mecanismo:
O lábio “escorrega” sobre a exostose, alcançando uma altura maior do que naturalmente faria.
Por isso, a remoção das exostoses deve preceder o tratamento labial e caso contrário, a mobilidade observada será falsa e o resultado instável.
Essas depressões ósseas, muitas vezes ignoradas, geram vincos na região subnasal e influenciam diretamente o posicionamento do lábio.
Podem ser tratadas com:
Cimento ósseo (PMMA + colágeno bovino) — técnica clássica descrita por Fernaldi (2010);
Biovolume personalizado 3D — modelagem digital e impressão biomédica;
Regeneração óssea guiada (ROG) — abordagem pioneira documentada por Carlos Eduardo (2016), usando membranas de titânio e xenoenxerto bovino ou porcino.
O material The Graft (porcino) tem 90% de semelhança genética com o osso humano, oferecendo integração superior e maior previsibilidade de volume.
Paciente com múltiplas causas:
Hipermobilidade labial marcada (“asinha de gaivota”)
Exostoses significativas
Erupção passiva alterada posterior
Tratamento:
Remoção cirúrgica das exostoses
Reposicionamento labial modificado (técnica própria de 2013)
Sutura estabilizante para controle muscular
📈 Resultado:
Redução imediata da exposição gengival
Harmonização do sorriso
Estabilidade mantida no follow-up de 12 meses
Paciente com recidiva após técnica original de reposicionamento labial.
Apresentava concavidade subnasal evidente e exostose lateral.
Protocolo cirúrgico:
Acesso intrassulcular e descolamento total
Decorticação para estimular vascularização
Aplicação do biomaterial The Graft
Cobertura com membrana The Cover (colágeno 25x30 mm)
Resultado:
Perfil facial suavizado, melhora estética e funcional significativa e estabilidade confirmada em tomografias de controle.
Após 17 anos de pesquisa clínica e 25 casos acompanhados por até 12 anos, o Método RLS se consolidou como a técnica de escolha para hipermobilidade labial.
Diagnóstico preciso – etiologia clara e mensuração objetiva.
Execução previsível – protocolo passo a passo reprodutível.
Estabilidade comprovada – baixíssima recidiva e cicatrização controlada.
💡 O diferencial é a preservação do freio labial, a remoção bilateral controlada da mucosa e a aplicação de técnicas de estabilização muscular, garantindo conforto e previsibilidade.
A reabilitação do sorriso gengival é também uma reabilitação emocional.
Estudos em percepção facial demonstram que pessoas com sorriso gengival são vistas como:
menos confiáveis,
menos seguras,
menos sociáveis, ainda que de forma inconsciente.
Após o tratamento, pacientes relatam:
Aumento da autoestima e autoconfiança;
Melhoras nas interações sociais e profissionais;
Satisfação estética prolongada.
“O sorriso gengival não é apenas sobre dentes ou gengiva. É sobre identidade e expressão.”
— Dr. Cleverson Oliveira
Apesar dos avanços, o Dr. destaca que:
A profundidade crítica das concavidades subnasais ainda não possui consenso científico;
Novos estudos multicêntricos devem ampliar o corpo de evidências;
A decisão clínica deve sempre integrar técnica e empatia.
O sorriso gengival, quando tratado com base em diagnóstico individualizado, representa mais que estética, é transformação de autoestima, expressão e função.
O legado da pesquisa do Prof. Dr. Cleverson Oliveira é claro:
Diagnóstico é ciência.
Técnica é arte.
Estabilidade é resultado.
E o sorriso? É vida transformada.
Oliveira, C. (2025). Trilha do Conhecimento Purgo – Masterclass: Tratamento do Sorriso Gengival.