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15 anos de cirurgia resumidos em uma única técnica

Escrito por Implantec Brasil | Nov 7, 2025 5:59:59 PM

🦷 Expansão Óssea com Precisão: o que a Técnica Split Crest Revela sobre o Futuro da Implantodontia

Quando o osso parece um limite, a ciência mostra um novo caminho

Por muito tempo, a deficiência óssea foi uma barreira para o sucesso dos implantes dentários. Pacientes com espessura insuficiente de rebordo alveolar eram submetidos a cirurgias invasivas, enxertos em bloco e longos períodos de espera até a reabilitação definitiva. Mas a odontologia moderna tem mostrado que há maneiras mais previsíveis e menos traumáticas de alcançar os mesmos resultados e é nesse ponto que a técnica Split Crest vem transformando o cenário da implantodontia.

O Problema: Deficiência Óssea e Limites do Tradicional

A reabsorção óssea é um fenômeno inevitável após perdas dentárias. Quando o volume ósseo horizontal não é suficiente, o implante perde estabilidade, comprometendo estética e função. Tradicionalmente, o recurso mais comum tem sido o enxerto ósseo autógeno, que embora previsível, é também uma técnica de alta morbidade e duas cirurgias: uma para coletar o osso e outra para enxertar.

Segundo o Professor Fabiano Capato, especialista em Implantodontia e Cirurgia Bucomaxilofacial, esse paradigma pode, e deve ser repensado. Em sua Trilha do Conhecimento Purgo Masterclass, ele mostra que é possível expandir o osso existente de forma segura, evitando cirurgias adicionais e reduzindo o tempo total de tratamento.

O Estudo Científico: Aula Magna de Fabiano Capato

A masterclass, realizada em outubro de 2025, reuniu cirurgiões de todo o Brasil e apresentou de forma detalhada os protocolos clínicos da técnica Split Crest, com embasamento em literatura científica e resultados de longo prazo. A proposta de Capato é clara: “Trabalhar de formas diferentes, cada um dentro da sua habilidade, mas tendo bons resultados.”

A Split Crest consiste basicamente em dividir a crista óssea no sentido vestíbulo-lingual, mobilizando a cortical vestibular como uma “fratura em galho verde”, preservando o periósteo e mantendo a irrigação. O espaço criado entre as corticais é então preenchido com biomaterial particulado, permitindo o ganho de espessura necessário para a instalação imediata dos implantes.

Metodologia e Protocolo Cirúrgico

O procedimento é indicado especialmente para ossos tipo 3 e tipo 4, com espessura mínima de 3 mm e defeitos horizontais moderados. A técnica é contraindicada em casos de osso muito denso (tipo 1 ou 2) ou quando há necessidade de ganho vertical.

O planejamento tomográfico é essencial para medir densidade e altura, e o uso do piezoelétrico é recomendado como primeira escolha para as osteotomias, graças à precisão e ao corte seletivo que preserva estruturas nobres e reduz o trauma cirúrgico.

O passo a passo apresentado por Capato inclui:

  1. Incisão na crista e exposição controlada do campo;

  2. Cortes verticais e horizontal conectando as osteotomias;

  3. Expansão gradual com instrumentos adequados;

  4. Instalação do implante com estabilidade primária (35–45 Ncm);

  5. Preenchimento do “gap” com biomaterial;

  6. Sutura sem tensão e fechamento cuidadoso dos tecidos.

Resultados em Números e Evidências

Estudos comparativos demonstram que o aumento horizontal obtido com a técnica Split Crest é previsível, e as taxas de sucesso dos implantes são equivalentes às obtidas com enxertos em bloco, porém com menor morbidade e menor tempo de tratamento.

Entre as vantagens mais destacadas:

  • Redução de até 6 meses no tempo total de reabilitação;

  • Eliminação da necessidade de área doadora;

  • Menor custo clínico, já que o tempo de cadeira é significativamente reduzido;

  • Preservação das estruturas anatômicas e menor risco de complicações pós-operatórias.

Impactos Clínicos e Psicossociais

A previsibilidade e a recuperação acelerada trazem impactos não apenas clínicos, mas também emocionais. Para o paciente, menos dor e menos tempo de espera significam retorno mais rápido à autoestima e à função mastigatória. Para o cirurgião, a satisfação vem de oferecer um tratamento seguro e estético sem recorrer a procedimentos agressivos.

Capato ressalta que, apesar da elegância técnica, o sucesso depende da precisão na execução. Pequenos desvios na força de expansão ou falhas no manejo tecidual podem resultar em fraturas completas ou recessões gengivais. Por isso, a formação contínua e a curva de aprendizado são essenciais.

Comparação Prática: Split Crest x Enxerto em Bloco

Característica Enxerto em Bloco Split Crest
Cirurgias necessárias 2 (doadora + receptora) 1 única
Tempo de tratamento 6–9 meses 2–3 meses
Invasividade Alta Baixa
Estabilidade primária Após 2ª cirurgia Imediata
Morbidade Alta Mínima
Custo total Elevado Reduzido
Requer área doadora Sim Não
Indicação Defeitos extensos Defeitos horizontais moderados

Manejo de Tecidos e Prevenção de Complicações

Com o amadurecimento da técnica, Capato demonstrou como pequenas mudanças nos pontos de sutura e o uso de retalhos sem tensão reduziram significativamente a recessão gengival. Nos casos em que ela persiste, pode-se recorrer à enxertia de tecido mole em um segundo tempo cirúrgico.

Outra preocupação é a reabsorção da tábua óssea vestibular, minimizada com o uso de biomateriais de alta estabilidade volumétrica e protocolos de condensação controlada. A vascularização do periósteo e a cobertura sem tensão são determinantes para o sucesso.

Biomateriais e Escolhas Inteligentes

Um dos pontos mais didáticos do material é a discussão sobre o biomaterial ideal. A preferência é clara: materiais particulados com boa osteocondução e fácil manuseio. Nos casos clínicos apresentados, Capato utilizou o enxerto Purgo, que se destacou pela consistência e praticidade.

“O Purgo apresenta partículas de tamanho adequado, boa integração e previsibilidade clínica, estando sempre disponível no consultório”, destaca o professor.

Aqui cabe uma reflexão importante: mais do que um produto, trata-se de uma ferramenta que facilita o raciocínio clínico. A previsibilidade do biomaterial permite que o cirurgião se concentre na execução da técnica o que, em última análise, é o verdadeiro diferencial de um resultado de excelência.

A Formação que Faz a Diferença

Dominar a Split Crest não se resume a seguir um protocolo. Envolve compreensão biomecânica, domínio anatômico e treinamento progressivo. Capato propõe quatro etapas de aprendizado: teoria, observação, prática supervisionada e prática independente. Essa jornada reflete o espírito da odontologia moderna: precisão baseada em evidências e aprendizado contínuo.

Conclusões do Professor Capato

A Split Crest, quando bem indicada, transforma o conceito de reconstrução óssea horizontal. Ela reduz o tempo de tratamento, elimina etapas cirúrgicas e proporciona resultados previsíveis com menor invasividade. A decisão entre essa técnica, enxertos em bloco ou ROG deve considerar o caso clínico, a experiência do profissional e a relação custo-benefício.

Como afirma o professor:

“O importante é proporcionar tratamentos duradouros, respeitando os princípios biológicos e garantindo bons resultados para o paciente.”

Referências

Baseado no eBook:
Capato, F. Técnicas de Expansão Óssea (Split Crest) – Trilha do Conhecimento Purgo Masterclass. Outubro de 2025.
Organização: Implantec – Trilha do Conhecimento Purgo.